Rapé e a Igreja Católica

O Rapé e o Catolicismo



À medida que o uso do tabaco se espalhava pelo clero católico da Europa, a Igreja se concentrou em sua intrusão na Igreja. O que foi anatematizado não foi seu uso em si, mas sim seu uso antes ou durante a liturgia. E especialmente pelo clero, de quem se esperava que mantivesse a pureza e a limpeza absoluta do altar, das vestes litúrgicas e das mãos que consagravam a Hóstia. A fumaça do tabaco não era igual a incenso.

m 1650, oito anos após a bula de Urbano VIII, Inocêncio X aplicou a mesma pena pelo uso de fumo nas capelas, na sacristia, ou no pórtico da Basílica de São João de Latrão ou na Basílica de São Pedro em Roma. Mais tarde, Inocêncio XI reiterou a suspensão.

Por volta de 1685, alguns teólogos estavam debatendo se as Bulas de Urbano VIII e Inocêncio X poderiam ser implicitamente entendidas como aplicáveis ​​à Igreja Universal e, em caso afirmativo, eles se perguntavam se isso se aplicava também a todas as dependências de uma igreja (não apenas ao santuário, mas se a sacristia, por exemplo, também estava incluída).

Embora Bento XIII (ele próprio um usuário rapé) reforçasse a necessidade de manter o fumo longe do altar e do tabernáculo, em 1725 ele revogou a pena de excomunhão por fumar na Basílica de São Pedro, porque reconhecia que os frequentadores da igreja escapavam da missa por um tempo para fumar um cigarro ou tomar um rapé, e ele havia decidido que era melhor eles ficarem dentro do templo e não atrapalhar ou perturbar a liturgia ou perder parte dela.

Os missionários jesuítas introduziram o rapé que amavam na capital da China durante a dinastia Manchu, por volta de 1715. Por algum tempo, os chineses convertidos ao catolicismo foram chamados de "tomadores de rapé" por seus conterrâneos e lidavam com a fabricação e venda de rapé em Pequim.

Pio IX era um usuário inveterado de rapé e era tão efusivo e constante que muitas vezes precisava trocar sua longa batina branca algumas vezes por dia. Ele ofereceu rapé e caixas de rapé aos visitantes do Vaticano.
No contexto das guerras de unificação Italiana e tomada dos Estados Pontifícios, quando o representante de Victor Emmanuel veio até ele para submeter as condições que o pontífice considerava inaceitáveis de rendição, o papa "bateu na mesa com uma caixa de rapé, que então quebrou". O representante “ficou tão confuso que parecia tonto”. Em 1871, o papa também, durante o tempo em que era "prisioneiro do Vaticano", ofereceu sua "caixa de rapé de ouro, primorosamente entalhada com dois cordeiros simbólicos no meio de flores e folhagens", para ser oferecida como prêmio em uma loteria mundial para arrecadar dinheiro para a Igreja.

A Igreja havia estabelecido com Pio IX o monopólio do comércio de tabaco nos Estados Pontifícios e, em 1863, durante seu pontificado, consolidou suas operações de processamento de tabaco sob o Pontifício Diretor de Sal e Tabaco em um prédio recém-erguido na Piazza Mastai, no distrito de Trastevere, em Roma, que ainda hoje existe.
Na faixada, que podemos ver na foto, esta escrito em latim "PIUS IX P M OFFICINAM NICOTIANIS FOLIIS ELABORANDIS A SOLO EXTRUXIT ANNO MDCCCLXIII", que quer dizer: Pio IX Pontífice Máximo Fundador da fábrica de tabaco no ano de 1863.

O Declínio do rapé:
E Maud Howe, em um artigo publicado no The Outlook , intitulado “Roman Codgers and Solitaries”,1898. “O rapé ainda é consumido na Itália pelos velhos e antiquados, e tem a aprovação do clero. Em Roma, dificilmente seria conveniente um padre fumar; quase todos usam rapé; na verdade, eu vi um padre dar uma pitada astuta enquanto oficiava no altar. ”
Um editorialista da Dublin Review de 1847 lamentou que "que os padres católicos geralmente são apenas um tipo de pessoa comum , mal instruídos, viciados em rapé". Ironicamente, o autor desejava um tipo diferente de sacerdote, um “sábio e vencedor” e deu como exemplo São Filipe Neri. Para quem não sabe, São Felipe Neri era um grande tomador de rapé...

Durante a 19 ª século, a moda de usar rapé desapareceu, e charuto, cachimbo, e depois fumar cigarros substituiu o famoso rapé. Fontes literárias mostram que usar rapé era cada vez mais deixado para os velhos e pobres, e para certos clérigos conservadores que persistiam com o rapé em vez de passarem a fumar.

 

O uso do tabaco quebra o Jejum antes da Comunhão, o Jejum Eucarístico?
Santo Afonso Maria de Ligório , em seu manual de instruções para confessores, afirmava que “o fumo pelo nariz não quebra o jejum, embora uma parte dele deva descer até o estômago”. Nem "a fumaça de um cigarro o quebra", nem mesmo o tabaco mascado ou "triturado pelos dentes, desde que o suco seja cuspido".
Outros, na época, concordaram, esclarecendo que se uma quantidade significativa de tabaco para mascar fosse engolida, o jejum era quebrado.

Padre Pio e o Rapé 

Os relatos destas pessoas mostram-nos várias facetas diferentes do Padre Pio, mas todos eles evidenciam a sua grande compreensão. Mostrava-se aberto e bom para com todos aqueles que o procuravam de coração sincero. No entanto, também há outros relatos que nos apresentam um Padre Pio bastante comum, muito próximo do nosso dia­ -a-dia. O Padre costumava cheirar rapé, desde a sua juventude.

No princípio do século, era um hábito bastante difundido. Poucos fumavam, mas havia muitos que cheiravam rapé. O mesmo acontecia nos conventos. Na realidade, tratava­ -se de um pequeno vício, de uma mania, condenada por muitos. Não se percebe como, mas o Padre Pio também a tinha. Para transportar o rapé, usava uma latinha de metal, daquelas que serviam, em tempos, para guardar Magnésio San Pellegrino, e que tinham na tampa a figura de um monge. «Antes de passar a usar a lata de Magnésio San Pellegrino - escreveu Gherardo Leone, que, sendo de San Giovanni Rotondo, teve a dita de conviver com o Padre Pio desde rapazinho - o Padre costumava guardar o rapé dentro de folhas finíssimas de papel colorido, que arrancava do interior dos envelopes das cartas. Eram doses pequenas, que depois metia no bolso do peito. Quando queria utilizá-las, seguia um procedimento muito típico. Desenrolava lenta e calmamente o pequeno invólucro, tacteando, com os seus dedos afilados, que as meias luvas deixavam a descoberto, na tentativa de encontrar a margem. Depois de pegar na pitada habitual, se estivesse a conversar, não a levava imediatamente ao nariz, mas continuava a falar, mantendo o polegar e o indicador unidos. Por fim levava o rapé ao nariz, primeiro a uma narina, depois a outra, e aspirava com força.

Aos que lhe pediam uma pitada, às escondidas, e a aspiravam, aquele rapé exercia um efeito explosivo de espirros. No entanto, o Padre Pio nunca espirrava. Muitas vezes aquelas pitadas, obtidas pelos mais audazes, acabavam por ser guardadas como relíquia, ou quase. Certa noite, enquanto o Padre levava às narinas a sua pitada de rapé, o doutor Mario Sanvico, seu colaborador na Casa Alívio do Sofrimento, comentou: "Um santo não pôde ser elevado aos altares, porque aspirava rapé." O Padre ficou com os dedos imobilizados, no ar, e, passados alguns instantes, respondeu com um sorrisinho irónico: "Eu não quero incomodar ninguém." Em seguida levou a pitada ao nariz.» Os amigos do Padre Pio sempre afirmaram que o seu «aspirar de rapé» não era um mau hábito nem um vício, mas que lhe servia para aliviar o nariz, muitas vezes obstruído, devido ao seu catarro quase crónico.

Mas quem forneceria o rapé ao Padre Pio? Onde iria ele comprá-lo? Angelo Vannoni, num seu testemunho, revelou que quem fornecia rapé ao Padre Pio era um sacerdote. «Sei exactamente - contou ele - que monsenhor Angelo Fantoni, então simples sacerdote, lho enviava aos quilos. O rapé era feito com sete tipos de tabaco diferentes, a que se acrescentava determinada essência. Certo dia, no início dos anos cinquenta, Armando Stroppa levou ao Padre Pio, por conta de um senhor de Florência, uma tabaqueira de osso, com acabamentos de prata, e um pacotinho de cem gramas de rapé, da marca Sant'Antonino. O padre não queria a tabaqueira, e perguntou: "Que faço com isto?" Armando, porém, respondeu: "Deram-ma para que vo-la trouxesse; eu não fico com ela." Do pacotinho de tabaco, uma parte foi deitada na tabaqueira e a outra foi levada por Armando, depois de ter pedido ao Padre que a abençoasse. Durante anos, o Padre continuou a usar rapé Sant'Antonino.» Salvatore Nofri, escritor toscano e filho espiritual do Padre Pio, contou que o rapé do Padre era desejado por todos. «Consideravam-no uma relíquia. O Padre sabia e, por isso, muitas vezes, ao passar da sala São Francisco para a sacristia, mostrava ostensivamente a tabaqueira. E,ra um convite mudo a que lhe pedissem uma pitada de rapé. As vezes até permitia o self-service, deixando que os requerentes metessem o dedo no relicário e se servissem. Certo dia - conta Nofri - no fim da minha confissão, o Padre Pio meteu a mão no bolso do peito. Convidando-me a dizer o acto de contrição, extraiu do bolso a tabaqueira. O meu pensamento foi o seguinte: "Que sorte, agora vou-lhe pedir que me dê uma pitada de rapé." O Padre Pio voltou a meter bruscamente a tabaqueira no bolso, gritando: "Já disse que tens de recitar o acto de contrição!" Tinha razão; como sempre, o Padre lera o meu pensamento.»

Monsenhor Domenico De Simio recordava que, quando era criança, em 1923, passou alguns dias em San Giovanni Rotondo, no convento dos Capuchinhos, de onde partiria, mais tarde, para frequentar o liceu em Sant'Elia a Pianisi. Adoeceu, com uma intoxicação alimentar. Foi retirado do dormitório comum e instalado num pequeno quarto, ao lado da cela do Padre Pio. «Eu era tratado com generosidade, pelos Padres Capuchinhos, os quais, diariamente, depois do almoço e do jantar, vinham passar algum tempo no meu quartinho - contou-me ele, mais tarde. - Entre eles contava-se também o Padre Pio. Era muito alegre, contava piadas divertidas para me distrair e me aliviar do peso da doença. Uma noite, antes de se retirar, aproximou-se da minha cama, segurando um pouco de rapé entre os dedos. Acariciou-me e deu-me o rapé a cheirar. Atirei-me espontaneamente para trás e ele, sorrindo, retirou-se. Naquela noite dormi profundamente. Não espirrei, a febre passou-me e no dia seguinte pedi para me levantar. Satisfizeram o meu desejo e, passados dois dias, já estava em condições de partir para Sant'Elia.»

Fonte: Padre Pio: Um santo entre nós

Renzo Allegri

Marie-Bernard Soubirous (1844–879) foi uma religiosa francesa, canonizada pela Igreja Católica. É conhecida por ter sido a menina a quem a Virgem Maria apareceu em Lourdes, na França. Um dos mais importantes centros de peregrinação da cristandade, até hoje. Era uma menina muito simples e humilde e entre seus poucos pertences que chegaram aos nossos dias encontra-se como relíquia a caixa de rapé de chifres marchetada. Em seus escritos ela narra um pouco sobre como o uso do rapé lhe era comum desde muito jovem:
"Embora eu tivesse agora dezesseis anos, meu tamanho permitia que eu me encaixasse facilmente com os de onze e doze anos. Uma irmã ficou chocada quando comecei a espirrar ao tomar rapé enquanto ela tagarelava em francês".
Sua vida ficou conhecida pelo filme "A canção de Bernadette".

 

 

Sobre a loja

Infelizmente, no Brasil o rapé é vendido em estado bruto, sendo apenas fumo picado, e em alguns casos é impossível de se utilizar, pois causa irritação. Nosso rapé é aveludado e com vários aromas naturais, sem adição de outros pós. Todos são produzidos segundo as receitas mais tradicionais da Europa e América.

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